terça-feira, 30 de setembro de 2008

Não é caso de polícia

Não precisa morar num Rio de Janeiro ou numa São Paulo para constatar que a violência está crescendo em todos os lugares. E quanto mais cresce a violência, mas diminui a liberdade de quem não ganha a vida tirando o que é dos outros. Viçosa não é diferente.

Quando o curso de Jornalismo foi implantado na UFV em 2001, um aluno da primeira conta que podia-se voltar para casa a qualquer hora, em qualquer horário, em qualquer bairro que ninguém que ele conhecia tivesse sido assaltado. Mas em sete anos muita coisa mudou. Muitos cursos foram criados, muitas pessoas de repente chegaram na pequena cidade e a violência passou a se tornar cada dia maior. A questão agora é tomar cuidado.

Não foi bem isso que aconteceu com um estudante na semana passada, às 23 horas, quando entrava no seu prédio conversando no celular. Foi abordado, o assaltante pediu dinheiro e ele bem que tentou enrolar o ladrão, mas acabou dando 10 reais para não ter que sentir se o canivete que ele mostrava estava afiado ou não.

O curioso desse fato é que o estudante não quis chamar a polícia, não quis registrar boletim de ocorrência. Uma hipótese seria pelo baixo valor do assalto: 10 reais. Mas não, nas palavras dele “em Viçosa não há a menor possibilidade de se registrar uma ocorrência, conversamos com o síndico a respeito da implantação de um cargo de segurança, afinal, essa não foi a primeira vez nos arredores”. Penso que o problema em si não é a impossibilidade de se registrar um B.O., mas na frustração de ver que isso, na maioria das vezes, não dá em nada. O descontentamento relatado pelo estudante ao ser assaltado não precisava ser reafirmado ao ver o caso dar em nada. É estranho, curioso e frustrante que quando a impunidade reina, crime não é caso de polícia.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

São tantas emoções...

Dizem por aí que o futebol é a paixão nacional. Disso ninguém duvida. Só o que nem sempre se comenta é que em nome de uma grande paixão se comete grandes loucuras. Loucuras estas nem sempre muito boas. E aqui em Viçosa costuma acontecer campeonatos aos domingos, em que os times dos bairros disputam entre si. Um dos locais onde essas competições estão ocorrendo é no campo do bairro Silvestre, e no dia sete de setembro, dia da Independência, um dia comemorativo por si só, dois times se enfrentavam.
Domingo, dia de sol, feriado nacional e, para completar, jogo de futebol. Tudo leva a crer que deveria ser uma tarde agradável, se a tal paixão não tivesse levado alguns jogadores a cometerem crime passional. Durante a partida, o jogador Flauzemir discutiu com o goleiro adversário, Fagner, após o jogo, Fagner teria cuspido em Flauzemir, que revidou com uma cabeçada e acabou levando um soco. A partir daí, a passionalidade que era só dos dois impregnou mais pessoas, e Amaral, do time de Fagner, veio em sua defesa a chutar Flauzemir que já estava no chão. A briga continua, mais pessoas se envolvem, os envolvidos se defendem e se acusam mutuamente e no final da tarde todos na delegacia... Mas o que eu gostaria de ressaltar aqui é mesmo a paixão.
Não sei se é a paixão pelo futebol que faz jogadores agredirem os adversários ou se é uma paixão do amor-próprio de não aceitar uma derrota ou sequer um xingamento (pois seria esse o motivo alegado por Amaral para ter entrado na briga, dizendo que Flauzemir o havia ofendido). Independente de quem seja o objeto do amor, cabe pensar que embora a emoção seja uma parte maravilhosa do ser humano, ela não deve conduzir suas ações a todo momento.

domingo, 14 de setembro de 2008

Uma covardia sem tamanho

Não concordo que sejam criadas inúmeras leis, mas que apenas se cumpram as já existentes. Seria muito bom se as coisas funcionassem desta forma. A Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, "cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher". Em vez de ficar criando trocentas leis o governo deveria mesmo se preocupar em fazer com elas fossem cumpridas. Infelizmente, a impunidade reina em nosso país. Essa impunidade alimenta atutides covardes e repugnantes, como a de Ouvídio Fonseca. Ele agrediu fisicamente sua esposa Luciana Fonseca, na semana passada em sua própria casa, no bairro de São José do Triunfo, Viçosa. Luciana foi agredida com socos, puxões de cabelo além de sofrer tentativa de enforcamento. O homem chegou expulsá-la de casa. Motivo: ciúmes. Por sorte ela conseguiu se soltar e ligar para a polícia. Atitude corajosa. Muitas mulheres sofrem as mesmas agressões e se mantém em silêncio. Quando percebeu que Luciana estava ligando para a polícia, Ouvídio fugiu de casa. Acredito que quando uma pessoa agride um ser mais frágil que ele é por pura convardia e insegurança. Por quê ele não arranja alguém 'do tamanho dele' para brigar? Por que ele sabe que só consegue ganhar uma briga contra uma pessoa mais fraca, ele se sente poderoso. O ciúme é uma coisa muito perigosa. Pessoas chegam a matar por ele. Felizmente, não foi esse o desfecho da história de Luciana e Ouvídio. Aliás, não houve um desfecho, pois de acordo com a polícia, o agressor "tomou rumo ignorado" e eles não "lograram êxito em achá-lo". Se este homem não for punido severamente, ele provavelmente repetirá esse comportamento. Situações como esta se repetem a cada dia não só em Viçosa, mas em todo o Brasil. Segundo uma pesquisa da OMS, uma em cada 3 mulheres de duas regiões pesquisadas afirmaram já terem sofrido agressão física do parceiro. Em Viçosa não existe uma Delegacia da Mulher, mas sua criação já foi discutida na Câmara Municipal e no Café com Papo, projeto de extensão realizado por alunos do curso de Comunicação Social da UFV. Embora a punição não seja garantida, é importante que toda mulher vítima de agressão denuncie. Cada silêncio, cada impunidade legitimam o crime.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Fica esperto!

Hoje de manhã, por volta de meio-dia, uma menina de 18 anos foi assaltada, por dois sujeitos, na rua Gomes Barbosa, no centro de Viçosa. A menina, que caminhava tranqüila, e distraída diga-se de passagem, falando ao celular, de repente foi empurrada em meio a dois carros estacionados. Deitada no chão ela se debateu, mas eles levaram o celular e saíram correndo. Dois dados me chamam atenção: o primeiro, 'meio-dia'. O segundo, 'centro de Viçosa'. Para quem não conhece, a rua Gomes Barbosa é bastante movimentada durante o dia. A propósito, a delegacia não fica muito longe dali, não leva a 5 minutos a pé. Não é novidade pra ninguém que o centro, e, sobretudo esta rua, são perigosos. Mas, retomando o primeiro dado que me chamou atenção, o horário, é bom lembrar que todo cuidado é pouco. Ao meio-dia a rua está cheia de gente, por que ninguém fez nada? Eu sei. Todos têm medo. Medo de arriscar a própria vida para ajudar uma pessoa desconhecida. Eu fui assaltada na mesma rua, no ano passado. Também por dois caras, por volta de 21 horas. Eles estavam armados, aparentemente. Mas eu não fiz questão nenhuma de conferir se a arma era verdadeira... Alguns meses depois eu ainda tinha pânico quando entrava na minha rua. Hoje não moro mais lá. O pânico passou, mas agora ando muito mais atenta. Todo cuidado é pouco. Principalmente para as mulheres, alvo fácil. É bom lembrar também que reagir pode custar a vida né? A menina se debateu. Mas é melhor entregar logo o objeto. Afinal, um celular se compra em 58 prestações nas Casas Bahia, e a sua vida não. Adolescente tem essa mania de achar que nada de ruim pode acontecer a ele (a). Acho que compensa tomar uma cerveja a menos e voltar para casa de táxi.